Cinco parlamentares usam auxílio-moradia para despesas de imóveis próprios

A nova legislatura no Senado teve início com uma conta de quase R$ 103 mil mensais em auxílios-moradias para 27 parlamentares que preferiram receber os R$ 3,8 mil em vez de ocupar um dos imóveis funcionais pertencentes ao órgão. Nesse grupo, pelo menos cinco senadores se beneficiam de brechas na legislação e usam o dinheiro para bancar despesas de casas e apartamentos que têm em Brasília. Teoricamente, a verba deveria servir para pagar apenas hospedagens e seu ressarcimento dependeria da prestação de contas feita pelos políticos. Mas não é o que ocorre. No Senado, o auxílio é repassado diretamente aos parlamentares.
“Esse dinheiro vem para a nossa conta. Está dentro das normas. Uso esse dinheiro para pagar despesas com água, luz, telefone e tudo mais que se refere a uma casa”, diz o senador Agripino Maia (DEM-RN), dono de uma mansão na QI 21 do Lago Sul. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) faz o mesmo. Proprietária de um flat de luxo no setor hoteleiro, ela usa o dinheiro do auxílio para bancar despesas de condomínio, lavanderia e empregada. “É caro manter o flat. O auxílio-moradia ajuda a pagar algumas das despesas que tenho com ele. Inclusive, pedi um imóvel funcional, porque o valor pago não é suficiente para bancar o aluguel de um apartamento maior que vou precisar para morar com minha família”, diz. A ajuda do Senado também serve para pagar as despesas da casa própria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Dono de uma mansão na QI 11 do Lago Sul, o parlamentar recebe o auxílio-moradia de R$ 3.800 para bancar as despesas da residência. Há também entre os parlamentares quem “emprestou” os imóveis que têm em Brasília para familiares morarem, enquanto usufruem do patrimônio da União.
O senador João Alberto (PMDB-MA), por exemplo, cedeu seu apartamento na Asa Norte para o filho viver com a família. “Recebi um imóvel funcional e pude dar o que tenho para meu filho como usufruto. Não tenho muito a deixar para eles. Esse apartamento é uma ajuda que dou. Se eu não pudesse morar em um imóvel do Senado, teria de viver com eles lá. Todo mundo junto”, diz ele.

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