Eram aproximadamente 17h15min da tarde de ontem. Um homem adentra o escritório do grupo Advogados e Associados na Avenida Miguel Castro, 836. O “cliente” procura pelo advogado Anderson Miguel da Silva, para tratar de uma causa de pensão alimentícia. A recepcionista informa a chegada por telefone. A entrada é autorizada pelo advogado. Minutos depois, quatro disparos. O pseudo-cliente sai apressadamente do escritório e foge num Siena branco com auxílio de um comparsa. Um dos réus e o delator da Operação Hígia, Anderson Miguel da Silva, estava morto.
Executado com quatro tiros de pistola ponto 40 que lhe atingiram o peito e a cabeça. As funcionárias que trabalhavam no escritório de advocacia composto por nove salas avisaram à Polícia Militar e solicitaram o socorro do Samu minutos depois do ocorrido. Não houve tempo para resgate. Quando os técnicos de enfermagem chegaram ao local, Anderson estava morto. “Quando a equipe de resgate chegou ao local, ele já estava morto”, disse o major Rodrigo Trigueiro, chefe da Rocam. A vítima foi encontrada sentada na cadeira na qual trabalhava com a cabeça pendendo para o lado direito e o lado esquerdo do peito ensanguentado.
De acordo com relatos de vizinhos do prédio, a movimentação era comum no final da tarde de ontem. Uma senhora que trabalha num escritório ao lado do qual advogava Anderson disse que ouviu as atendentes gritando, mas imaginou que fosse um assalto. Após isso, a movimentação de carros da Polícia Militar ficou intensa. O acesso ao local era controlado por policiais e somente familiares e funcionários tinham acesso ao prédio. A sala na qual a vítima foi morta ficava no final de um corredor. De acordo com o major Rodrigo Trigueiro, comandante da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), um dos suspeitos é alto, magro, usava uma camisa preta e não tem alguns dentes. Foi com esse perfil que uma guarnição da Rocam deteve um homem identificado apenas com Wescley, logo o conduzido para a sede da Polícia Federal.
Operação Hígia
A Operação Hígia foi uma investigação da Polícia Federal que, no dia 13 de junho de 2008, cumpriu 12 mandados de prisão e 42 ordens de busca e apreensão em Natal e em João Pessoa, devido a possíveis fraudes em licitações da Secretaria Estadual de Saúde e recebimento de propina por parte de pessoas influentes no Governo do Estado, durante a gestão de Wilma de Faria. Entre os presos estava o filho da então governadora, Lauro Maia, e a mulher do ex-secretário de Segurança Carlos Castim, Eleonora Castim. As investigações davam conta de possíveis irregularidades no contrato da Secretaria Estadual de Saúde com a empresa A&G, que prestava serviços gerais à Sesap. De acordo com as investigações e os depoimentos colhidos, ocorria o que se chama de “tráfico de influência” por parte de membros do primeiro escalão do Governo do Estado e familiares da então governadora. Eles supostamente trocavam cargos por apoios políticos e cobravam propina para membros de empresas terceirizadas para que o pagamento dos contratos fosse efetuado.