Comparável à barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que armazena 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, o açude Pataxó, localizado no distrito homônimo “é um petisco d’água”. Mesmo assim, com seus 15 milhões de metros cúbicos, o reservatório é considerado o terror para a população ribeirinha de Ipanguaçu. “Com 35 centímetros de lâmina d’água de sangria, a cidade já pede socorro”, diz o agricultor João Batista Barbosa, nascido em São Rafael, mas desde os três anos de idade reside no Pataxó.
João Barbosa conta que na noite de sexta-feira, dia 29, a sangria do açude Pataxó chegou a quase 50 centímetros de lamina de água. às 9 horas de ontem, a sangria havia baixado para 40 centímetros. Ele disse que o açude sangra desde o dia 7 de abril, mas só ontem alcançou a maior lâmina devido a sangria de açudes situados nos municípios de Angicos e Fernando Pedroza, que são tributários do rio Pataxó.
Outro morador do Vale do Açu, João Batista do Nascimento Filho, disse que nasceu e se criou no sitio Baldum, em Ipanguaçu, mas depois de “não aguentar mais com tantas cheias” ao longo de sua vida, resolveu morar na cidade do Assu: “Cresci a água entrando por uma porta e saindo por outra”.
Nascimento Filho disse que em 1964, ano em que o Vale do Açu viveu a sua maior cheia, as águas abriram “um segundo sangradouro natural”, porque o vertedouro artificial não foi o bastante para suportar ás águas, mesmo mantendo-se de pé. “Meu pai morreu há oito meses, com 87 anos, mas ele contava que o açude inaugurado em meados da década de 50 do século passado, “foi feito à custa de cascos de animais”, porque naquela época não existiam máquinas e nem a tecnologia construtiva de hoje.
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