
Você já imaginou que uma rocha pode guardar a história de centenas de milhões de anos? No sertão do Nordeste, pesquisadores descobriram que antigos granitos escondem informações sobre como o continente sul-americano foi moldado, e a chave para isso está no calor que eles guardaram ao esfriarem. O artigo tem como autor principal Zorano de Souza, docente do Departamento de Geologia (DG/UFRN), e foi publicado no Journal of the Geological Society.
A pesquisa analisou granitos formados há mais de 570 milhões de anos, durante um período geológico chamado Orogenia Brasiliana, quando partes do que hoje é o Brasil colidiram com outros blocos de crosta terrestre para formar um supercontinente, o Gondwana. Para entender como e quando essas rochas se formaram e esfriaram, os cientistas usaram uma técnica que mede o tempo geológico com base em isótopos de argônio, uma espécie de relógio natural presente nos minerais que compõem as rochas.
As amostras foram coletadas em 15 grandes corpos graníticos espalhados por cinco regiões do norte da Província Borborema, uma das áreas geologicamente mais complexas do Brasil. Com informações de temperatura, pressão e química mineral, integrados a dados prévios disponíveis na literatura, os autores reconstruíram o ritmo do esfriamento dessas rochas, que varia de forma surpreendente entre os diferentes locais.
Foi descoberto que cada granito seguiu um caminho diferente de resfriamento, dependendo da profundidade onde se formou e se estava ou não próximo a zonas de falhas profundas na crosta terrestre. Alguns esfriaram rápido, como um pão recém assado exposto ao vento; outros mantiveram o calor por milhões de anos, como brasas sob cinzas. Isso revela como o calor do interior da Terra se dissipou ao longo do tempo, influenciando não só a rocha, mas também o ambiente ao redor, incluindo a formação de minerais valiosos e a deformação das rochas vizinhas.
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