Se o clima em Jucurutu é de revolta com o alagamento de mais de cem casas, nas cidades de Boa Saúde, Lagoa Salgada, Monte Alegre, São José de Mipibu e Nísia Floresta, o clima é de ansiedade. O motivo não está em nenhum desses municípios.
O problema é o açude Guarita, localizado em Tangará. Quem faz o alerta é o prefeito de Tangará, Jorge Eduardo Bezerra. A parede do açude está comprometida e, caso caia uma chuva forte ou outro açude próximo, o Gaspar, arrebente, o açude Guarita pode não aguentar a pressão e acabar rompendo.
A água seguirá o curso do rio Trairi. Construído em 1948 e com capacidade para 5 milhões de metros cúbicos de água, o açude, na última segunda-feira, recebeu água de dois açudes menores que arrebentaram. Com o acúmulo da água, o açude Guarita sangrou.
A lâmina d’água atingiu os trinta centímetros. “A sangria acabou gerando uma erosão na parede externa do açude. Nunca tinha acontecido isso antes”, disse o prefeito Jorge Eduardo Bezerra, que é proprietário do reservatório. A erosão foi muito forte e a pressão no açude é grande. O resultado é que já existem algumas rachaduras na base do muro do açude, o que os técnicos chamam de revensa. Na tarde de ontem, o engenheiro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Flávio Maranhão, visitou o açude e demonstrou preocupação.
“A situação é preocupante, requer cuidados e esperamos que não chova mais”, disse. As preocupações do prefeito de Tangará e do engenheiro do Dnocs, não se limitam ao açude Guarita. Preocupa o fato de o açude Gaspar também estar bastante cheio. De estrutura menor, o açude Gaspar está localizado a cinco quilômetros do açude Guarita. Se o Gaspar arrebentar, o efeito cascata será inevitável. “O resultado: cidades debaixo d’água. Estamos trabalhando o mais rápido possível, mas tem a burocracia e impede que trabalhemos mais rápido”, reclama o prefeito Jorge.